É assim que a comunicação social trata uma actividade cultural que se agita, apesar de tudo, durante todas as semanas de cada mês. Não conheço a obra de Dulce Bernardes mas o respeito que ela me merece é inequívoco, quero afirmar desde já. O problema que se coloca, perante fenómenos raros assim, perante a infindável indiferença dos jornais por estas notícias, pode comparar-se à facilidade com que os Lobbies sempre triunfam em tal jogo de influências, de surpreendentes benefícios mediáticos. O problema reside também, contra tal insuficiência informativa, na atenção pueril que os jornais, quase todos, derramam em páginas e suplementos a propósito do eterno futebol, dos grandes acontecimentos verificados na Gulbenkian ou a propósito de algumas bandas que picam sobre o país com os seus gritos e a certeza de uns 30.000 espectadores em plena crise, e ainda acerca de certos artistas em que a aposta parece obrigatória, enfática, habitualmente anterior à própria abertura das respectivas exposições.
Já alguém se perguntou a razão deste estado de escolhas mínimas e indiferentes ou sobre o que dirão, de igual forma, os nossos jornais sobre a abertura de novas exposições (daqui a pouco) em Lisboa, entre 20 de Outubro e 18 de Novembro?
Há problemas ditos menores que revelam a ignorância de muitos directores e operadores de comunicação social; e isso é de facto inquietante, porque acontece num obscuro silêncio oferecido a centenas de escritores e artistas plásticos do país, a par da resignação a que se habituaram muitos cidadãos perante o uso da televisão por funcionários seus ao publicarem um livro, antes de qualquer apreciação por especialistas. Um ecrã assim prolixo e sem provedor deveria ser mais regulado quanto ao critério das escolhas aí apresentadas e como e porquê.